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Retrospectiva 2021: a Sesunipampa presente em um ano de lutas e resistências

16 de dezembro de 2021




O ano de 2021 foi difícil para os brasileiros e brasileiras. Apesar dele ter iniciado com a descoberta da vacina para Covid-19, o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro foi uma grande barreira, além da falta de planejamento para um cronograma de vacinação rápido e eficaz.


Somado a isso, o fim do auxílio emergencial, o aumento dos preços na conta de luz, no gás de cozinha, na comida e na gasolina, acentuaram a desigualdade social e hoje o Brasil registra mais de 50 milhões de pessoas em condição de pobreza, mais de 13 milhões de desempregados e mais de 600 mil mortes de Covid-19.


Não bastasse todo esse retrocesso, o governo tenta passar no Congresso Nacional uma série de políticas de desmonte do serviço público - Reforma Administrativa (PEC 32) -, de maior flexibilização dos direitos trabalhistas - a nova reforma trabalhista -, e de privatização das empresas públicas, como os Correios e a Eletrobras.


Diante da miséria, da falta de acesso à moradia, comida e educação, o Brasil volta a patamares de desigualdade social que há muito tempo não se via e lida com desafios grandes com um presidente que tem saudade da ditadura.


Nesse contexto, o Andes-Sindicato Nacional e as seções sindicais, movimentos sociais e lutadores e lutadoras de todas as frentes estiveram a postos o ano inteiro em defesa da vacina, da ciência, com campanhas contra a fome que garantiu o alimento de milhões de pessoas ao redor do país. A resistência esteve presente e a Sesunipampa fez parte. Em entrevista, o presidente do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Pampa, Rafael da Costa Campos, fala sobre a atuação da seção neste ano e comenta os principais acontecimentos. Confira.


A diretoria 2021-2023 da Sesunipampa assumiu em maio deste ano. Como tu avalias a experiência desta nova gestão até aqui?

Assumimos o mandato no dia 5 de maio deste ano e, em meio à continuidade da pandemia, pudemos observar a intensificação da precarização do ensino superior em todos os seus aspectos, sobretudo com o aumento de cortes orçamentários em um momento em que o sentido deveria ser o contrário. Dito isso, a UNIPAMPA viu um decréscimo de recursos naquilo que já era insustentável, especialmente a manutenção das políticas de assistência estudantil. Enquanto gestão, naturalmente mantivemos a postura denunciatória da calamidade em que se encontra o ensino público superior, situação em que naturalmente nossa universidade não é exceção à regra. Enquanto direção, conseguimos expandir nossos canais de contato interno com reuniões quinzenais de dirigentes concatenados com a manutenção das assembleias em ambiente virtual. Também criamos um canal de YouTube e realizamos uma atividade de boas-vindas. Tem havido também um importante revezamento entre os dirigentes na participação de fóruns externos à seção sindical, bem como nas reuniões dos setores do sindicato nacional. Em outubro, e mais recentemente agora no fim de novembro, eu e o companheiro Guilherme pudemos participar da mobilização contra a PEC 32 em Brasília, uma experiência política muito importante. No Estado, os companheiros e companheiras militaram sempre que possível nas manifestações das cidades de seus campus, tendo demarcado o posicionamento da SESUNIPAMPA na luta contra o desgoverno Bolsonaro.


Em março de 2020 o país e o mundo foram afetados pela pandemia. Desde então, as atividades foram suspensas nas universidades. A Unipampa, como as outras instituições, fez a opção pelo ensino remoto emergencial. Como foi a atuação da Sesunipampa no debate da estrutura e funcionamento deste modelo de ensino?

Com relação ao estabelecimento do ensino remoto, a SESUNIPAMPA manteve-se alinhada com o posicionamento do ANDES/SN, seja em suas cartilhas quanto nos cadernos. Deste modo, desde o início defendemos o posicionamento de alerta para a precarização do trabalho docente e a queda da qualidade de ensino decorrente de um processo atabalhoado de compensação de conteúdo, que é o máximo que posso descrever do ensino remoto praticado no ensino superior público brasileiro desde então. A nosso ver, este ensino remoto não pode ser considerado “educação” no sentido criativo e emancipador do termo. Nesse sentido, a SESUNIPAMPA foi enérgica em apontar publicamente – em notas e reportagens – o desamparo ao qual a comunidade acadêmica tem sido submetida desde a implantação do ensino remoto: os números de evasão e abandono que a universidade deve possuir não nos deixam mentir, e o adoecimento mental docente vem a reboque. Evidentemente, esse modelo de ensino interessa às grandes corporações do ensino e a um governo privatista, de tal modo que absurdos como o REUNI Digital estão sendo jogados na mesa de negociações de maneira completamente oportunista e perversa.


Um problema agravado com a pandemia, e que já vinha sofrendo com os cortes de verbas por parte do Governo Federal, foi a assistência estudantil. Como a diretoria da Sesunipampa articulou ações de denúncia e solidariedade aos/às estudantes?

Em complemento à minha resposta anterior, a direção da SESUNIPAMPA se manifestou diversas vezes sobre o assunto. Foram várias notas, reportagens e ofícios apontando os problemas decorrentes da combinação da pandemia com a precarização orçamentária da universidade. Nesse ambiente, sem dúvida o elo mais sensível dessa cadeia, a comunidade discente e as políticas de assistência estudantil, têm sofrido com os cortes; ações como a doação de alimentos feita pelo MST à parte das comunidades discentes dos campus, e a apoio da SESUNIPAMPA na atividade pela reabertura do Restaurante Universitário em Jaguarão são exemplos da denúncia e da mobilização.


Nos últimos meses a pauta da Reforma Administrativa demandou muitas mobilizações. Como a Sesunipampa participou destas atividades?

A SESUNIPAMPA esteve presente nas manifestações de rua nas cidades dos campus, e esteve presente também na figura do presidente durante a primeira semana de outubro, além da figura do diretor Guilherme Howes no final de novembro em vigília na cidade de Brasília. Além disso, promovemos atividades com a categoria sobre a PEC 32 em ambiente virtual e em parceria com o Sindipampa.


Desde outubro a Unipampa vem pautando o retorno presencial escalonado dos/as servidores/as, o que se configurou posteriormente como um movimento generalizado advindo a partir das portarias do Governo Federal. Neste sentido, como avalias este retorno no atual momento e como foi a participação da Sesunipampa neste debate?

A SESUNIPAMPA não renuncia à sua atuação militante e à denúncia dos problemas que acometem a universidade. Se não for isso, qual é o sentido maior da existência de um sindicato? Digo isso porque o apontamento dos problemas existentes no diálogo da instituição com a comunidade acadêmica sobre esta pauta desagradou alguns. É importante dizer para a comunidade acadêmica que a SESUNIPAMPA não se opõe ao retorno dos professores à sala de aula e às suas demais atividades como eram antes da pandemia. Mas nós nos opomos a qualquer tentativa de retorno presencial que seja empreendida de maneira unilateral, que não seja decidida regimentalmente e, por óbvio, que não assegure plenamente e sem ônus para toda a comunidade acadêmica – inclusive os trabalhadores e trabalhadoras terceirizados – condições sanitárias as atividades presenciais. E nós não defendemos que esse “novo normal” inclua a banalização da vida.


Como tu avalias as parcerias com o Sindipampa e entidades do movimento estudantil nas lutas em defesa da Unipampa?

A parceria tem sido muito importante. Enquanto direção, acreditamos que devemos unir esforços na luta contra o desmonte do serviço público. Evidentemente, cada categoria tem reivindicações próprias, mas nos pontos de convergência como a PEC 32, pudemos trabalhar e atuar em parceria, sobretudo em momentos de embate – mas também de diálogo – com a reitoria.


Nestes mais de dez anos de existência, a Sesunipampa vem se estruturando para atender sindicalizados/as. Tu poderias abordar a estrutura atual da seção sindical?

A SESUNIPAMPA é uma seção sindical mais nova, multicampi e menor em número de sindicalizados contribuintes do que outras seções sindicais do Estado. Todavia, não temos poupado esforços para constituirmos uma estrutura que atenda à diversidade de demandas que advém da base docente, sem renunciarmos a nossas concepções. O plano de saúde, que já é oferecido há quase dois anos, é um exemplo. Outro exemplo é a ampliação da assessoria jurídica para o suporte da categoria, e que é acessível a qualquer docente, inclusive o não-sindicalizado. Outro avanço que destaco é o crescimento da atuação de nosso setor de comunicação: saímos de um blog para um site próprio, temos uma pauta jornalística semanal, redes sociais, promovemos eventos online, e temos nos integrado sempre que possível à atuação do setor de comunicação da regional do ANDES no Estado. Isso não é pouca coisa. Portanto, gradualmente temos empregado os nossos recursos para ampliarmos nossa visibilidade, mas é importante ressaltar que a sindicalização e contribuição financeira é a maneira que nós temos para ampliar nossa atuação, e é importante que mais docentes se somem à base sindical.


Assessoria Sesunipampa



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