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Precariedade no acesso à moradia estudantil coloca em risco a permanência de estudantes na Unipampa





Com o retorno das aulas no formato presencial, o estímulo dos reencontros se mesclou, nos campi da Unipampa, com a dura constatação de que, sem acesso à moradia estudantil, entre outras formas de assistência a alunas e alunos, a permanência de ingressantes junto à universidade se encontra em risco. A realidade da Unipampa quanto à oferta de moradia para estudantes é feita de promessas, atrasos e de enormes dificuldades estruturais.


Em resumo, a situação da moradia estudantil na universidade é a seguinte: em Santana do Livramento, a Casa do Estudante – que tem lugar em um prédio alugado pela universidade – se encontra em funcionamento, com dezoito alunos residentes e à espera de novas vagas que, segundo a Reitoria, serão preenchidas por meio de um edital ainda em 2022. Nos demais campi, a comunidade acadêmica vê-se entre esperas e ausências. As cidades de Dom Pedrito e Jaguarão contam com Casas de Estudante já concluídas, mas as obras ainda carecem de mobiliário e, no caso de Jaguarão, de um alvará a ser emitido pela Prefeitura Municipal.


A situação da CEU de São Borja é distinta: segundo informações oficiais, a obra também se encontra em estado de finalização, mas ainda precisam ser feitas adequações importantes, como a construção de uma rede de esgotos, e ajustes exigidos pelo Plano de Prevenção contra Incêndios. De acordo com a Reitoria, por conta de “questões orçamentárias” a moradia estudantil da cidade de São Borja só seria entregue no próximo ano.

Os casos citados acima são os que abrigam operações em andamento. Nos seis campi restantes, os processos estão muito longe do fim: em Alegrete, São Gabriel e Bagé, as obras para a construção de Casas do Estudante tiveram início, mas foram paralisadas ou suspensas há ao menos cinco anos. Para Uruguaiana, Itaqui e Caçapava do Sul, no entanto, a Unipampa ainda não registra perspectivas de implementação de moradia estudantil. Em julho de 2022, portanto, a universidade conta com apenas uma Casa do Estudante em funcionamento para dez campi.


Para contornar a ausência da moradia adequada, estudantes tratam de buscar benefícios como o auxílio aluguel, que teria como finalidade facilitar a presença junto à instituição de ensino – ainda que, em razão dos valores insuficientes e de recorrentes atrasos nos pagamentos, o benefício acaba por não solucionar a situação precária de quem trocou de cidade para estudar e não conta com recursos financeiros próprios para garantir a permanência.


Elisa Lanes, acadêmica do bacharelado em Gestão Ambiental da Unipampa no campi de São Gabriel, afirma que “há anos as promessas de moradia estão paradas e aparentemente vai demorar mais alguns anos para se ter acesso à moradia estudantil em São Gabriel”. Natural de Cacequi, a estudante afirma que os auxílios e soluções oferecidos pela instituição são pouco transparentes e que, se o acesso à moradia existe, ele se mostra inacessível para a maioria.


Já Claudinei Moncks Fernandes, discente do curso de Letras no campi de Jaguarão, afirma que as mobilizações

por moradia estudantil ganharam corpo nos últimos anos, apesar das dificuldades enfrentadas pelos estudantes. “A categoria discente do campus Jaguarão criou, desde o início da pandemia, o Movimento EPAED - Estudantes por Assistência Estudantil Digna. Nele, a categoria discente faz reivindicações de melhorias nos auxílios da assistência estudantil, incluindo a pauta da moradia”, relata Claudinei.


O estudante, que lamenta a impossibilidade de se estabelecer um diálogo franco com a Reitoria a respeito do tema, também cita a ausência de moradia apropriada como um dos fatores responsáveis por tantos casos de trancamentos de matrícula e de evasão na instituição. “Sem moradia estudantil disponível, estudantes precisam conseguir ajuda financeira com familiares para conseguir alugar uma casa na cidade, mas, infelizmente, o aluguel no município não é nada barato. Surgem, assim, inúmeros casos de evasão”, resume o estudante de Letras, que aponta casos de evidente vulnerabilidade social entre estudantes que chegam de longe e precisam recorrer a cenários de enorme improviso.


Representante do Sesunipampa, Guinter Tlaija Leipnitz afirma que “historicamente, o sindicato tem denunciado a precariedade da assistência estudantil na universidade. É importante frisar que a construção das casas foi uma conquista do movimento organizado, protagonizado por estudantes, uma vez que não estava no planejamento inicial elaborado para instituições novas como a Unipampa. Mas tanto a regularização como o término das obras continuam demandando nossa constante vigilância. A liberação das CEUs esbarra, no entanto, no sucessivo sucateamento da estrutura da universidade, a partir da política de cortes do governo federal”.


A realidade do retorno às aulas presenciais, diz Guinter, é abígua. “Ao mesmo tempo em que ficamos felizes com a volta do ensino presencial e reocupação crescente dos espaços físicos da universidade, nos entristece profundamente a falta de estudantes, tendo muitas e muitos não retornado por falta de perspectivas quanto às possibilidades reais de manutenção na universidade, devido ao sucateamento da assistência estudantil. A evasão é bastante significativa, e a sensação de campi esvaziados agravada pela escassez de ingressantes. Por isso temos ressaltado a importância de fazer o enfrentamento a essa política de destruição das universidades a partir da ocupação cada vez maior dos seus espaços físicos. Isso tem sido um grande desafio que temos enfrentado diante da categoria docente”, pontua.

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